Dúvidas

por Gustavo Nolasco

Na grande luta entre mais e melhor, a maioria dos pretensos à consciência escolhe qualidade, ou seja, melhor. Mesmo porque, ditados populares – ‘é melhor qualidade do que quantidade’ – se encarregam de nos implantar esse método de querer coisas, substancialmente boas. Em jornalismo, rola o boato – sim, no jornalismo -, de que a corrente que mais corresponde ao bom jornalismo e, que é desejo de grande parte dos profissionais fazer parte, é a chamada literária. Pois bem, dá mais prazer escrever ou ler jornalismo literário? Com pretensão literária, o texto jornalístico ganha a durabilidade da literatura?  Jornalismo de não-ficção é mais aprofundado? Hardnews é superficial, ou apenas diferente? Jornalismo literário tem algo a ver com jornalismo engajado? Na dúvida, vamos entender melhor o que é; como surgiu; e como ganhou espaço o “novo jornalismo”.

A História

por Matinas Suzuki Jr.

Como o dry martini e a voz de Frank Sinatra, o jornalismo literário é uma das grandes instituições americanas que fizeram o século XX. Ele tem tanto prestígio nas estantes americanas que chegou a virar uma categoria própria, chamada literatura de não-ficção, ensaio ou, como fizeram seus barulhentos autores nos anos 60, “novo jornalismo”.

O Conceito


O jornalismo literário retoma a idéia de que a “arte de contar boas histórias” é parte essencial do jornalismo. No momento em que a imprensa, por força das mudanças acentuadas da vida contemporânea, encontra-se em fase de procura de novos caminhos, uma volta às grandes reportagens do jornalismo literário poderá ser útil para se desenhar alguns modelos inovadores, principalmente para aqueles que acreditam que o futuro dos jornais e das revistas está na diferenciação pela qualidade (não só da informação e da análise, mas também do texto).

A Publicidade

O jornalismo literário ganhou um amplo público de leitores por meio de publicações como The New Yorker (até hoje seu principal templo), Esquire, The New Republic e Rolling Stone, entre outras, e pelo texto de autores como Norman Mailer, Truman Capote, Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Joseph Mitchell, Lilian Ross e E. B. White, para citar apenas alguns dos nomes.

Ei, você aí!

escrito por Carlos Ribeiro

editado por Gustavo Nolasco

É preciso, sim, alguma dose, mínima que seja, de indignação. Num tempo em que o mercado coopta artistas e intelectuais (ou pseudo-intelectuais) para bobagens como Faustão, Sílvio ou o famigerado Big Brother, é necessária a existência de profissionais que não estejam preocupados apenas em engordar a sua conta bancária.

 “Outro dia vi um filme inglês. Num pub, um policial diz ao outro:

- Nossos ícones, nossos modelos são vaidosos, vazios, cruéis, corruptos e prepotentes. Somos policiais e deveríamos estar protegendo o povo contra essa gente.

E que fazemos? Defendemos a canalha e botamos nossa gente na cadeia.

E isso se passou na Inglaterra. Imaginem o diálogo de dois policiais brasileiros:

- Estou preocupado.

- Por quê?

- Se liberarem a droga vamos perder 900% do salário.

E a nossa grande imprensa continua comentando esse verdadeiro banquete no pântano como se fosse alguma coisa para valer. Pergunto: tem salvação? Ei, você aí, que está vendo a Favorita, estou perguntando: tem salvação?”

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