VEJA: Quando até pombo-correiro está a serviço do crime. Um breve retrato do sistema penitenciário do estado de São Paulo. Vá...

Asas ao alto: pombos a serviço do crime

por Gustavo Nolasco

Dois suspeitos se aproximam da Penitenciária Danilo Pinheiro, em Sorocaba. Eles querem levar peças de celulares aos presos. O material, possivelmente, vai fazer funcionar alguns aparelhos quebrados que já estavam dentro do presídio. A comunicação com o crime, do lado de fora, ganharia linhas extras.

Falha no sinal! A polícia interceptou, em pleno voo, os dois suspeitos. Eram pombos-correiro. Preso às patas, dois saquinhos com circuitos eletrônicos e outros componentes para celulares.

A operação do último sábado não pode ser considerada de vanguarda em se tratando das inúmeras estripulias que mulheres e até mesmo crianças se submetem para servir o crime.

Em junho de 2008, a mesma quantidade de aves foi localizada, dessa vez sob responsabilidade de uma mulher, em Marília. Em depoimento, ela garantiu que os pombinhos iam levar comida para os presos. A polícia, como de costume, não acreditou na boa ação. Drogas e celulares fazia mais sentido.

O fato é que: pombos-correio? O crime já foi mais engenhoso. Celulares no fundo falso da maleta, no cabelo da criança, no bolo, na esfiha de carne e na carne das mulheres. Às vezes, nem três agachadinhas sem roupa denunciam o ilícito.

Até disque-sequestro. A segurança no Brasil permite que presidiários façam 2.100 ligações, por dia, para extorquir cidadãos livres e o crime promova teleconferências, tribunais bandidos que fazem do chefe do tráfico um czar: “Dá um ‘cambau de louca’ nele, daquele que manda pra porta da UTI. É xeque-mate, irmão”.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo admite que, por mês, entram mais de 900 celulares nos presídios do estado. Com a ação da polícia, em Sorocaba, são 898. Os pombos não foram presos.

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