de Lea Van Steen e Marcos Sachs


E quando chove... escondem-se

por Gustavo Nolasco

Todos os dias – e cabe aqui meses e anos - eles invadem nosso campo de visão, eles nos invadem, sendo cordiais ou não, com ou sem sorriso. Do camarote do transporte público, meu privilégio, ou da arquibancada, quando estou na posição de caronista. Oferecem a mim, passageiro, por, ocasionalmente, não ser possível oferecer ao guiador. Ao passível de acidentes. Se sol, boné. Mas e quando chove? O que são dos vendedores de rua? O toldo mais próximo, a corrida até a loja de conveniência, com toldo. Nunca o motivo da embalagem, nunca o abrigo do contratador. Aos pares são mais felizes, os vendedores de rua. Nem sempre tão jovens quanto se espera. Talvez pelo conteúdo vivido, alguns aparentam já ter experimentado o sexo, e até mesmo a maternidade. Isso assusta, às vezes. Assusta a mim, que os reparo. Imagine as conexões neuronais que flutuam pela mente dos vendedores de rua enquanto exercem o ofício. Eles vêem muitas faces, e têm imaginação. Se envolvem? Quem se importa mais com o cliente? O especialista ou o vendedor de rua? Não sei se gosto deles. Entendo pouco das motivações que os movem. E menos, do que refletem. Interesso-me por eles, mas ainda não sei se merecem. Certa vez, na pressa do comércio juvenil, o responsável pela efetivação da venda não conseguiu exercer sua função, gentilmente, e arremessou o produto para dentro do veículo. Ele arremessou e eu era o passageiro, sempre. Esperava que eu pagasse? Nos dias de chuva eu não os vejo. Fazem falta? Sim.

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